A entrada do streaming na Copa do Mundo

A Copa está em todo lugar: além dos tradicionais veículos de rádio e TV, está também no computador e no celular. Em 2022, onde quer que você esteja, basta contar com um sinal de internet para acompanhar qualquer jogo da competição pelo formato de streaming ao vivo. Falando em streaming, estamos presenciando a primeira edição da Copa transmitida no formato, com a novidade de os direitos de transmissão terem sido adquiridos pelo streamer mais famoso do país, Casimiro Miguel.

“Cazé”, como é apelidado, garantiu a transmissão de 22 jogos da Copa em seus canais nas plataformas Youtube e Twitch, impedindo a exclusividade da transmissão pela Rede Globo. Esta não é a primeira vez que a Globo divide com alguém a atenção do público brasileiro ao maior evento de futebol do mundo. Em 2010 e 2014, por exemplo, a Rede Bandeirantes também transmitiu os jogos. Entretanto, o que torna esta edição de 2022 especial é justamente o fato de ser a primeira vez do streaming.

É tipo internet?

Para quem não tem familiaridade com o termo, streaming significa em inglês literalmente transmissão, ou fluxo, e se refere a uma tecnologia que envia informações multimídia através da transferência contínua de dados utilizando uma conexão de internet, sem necessidade de download. Ou seja, ouvir músicas no Spotify, assistir a vídeos no Youtube, filmes e séries na Netflix ou transmissões ao vivo na Twitch. Todas estas atividades se encaixam no streaming

O formato, novo no pedaço, já vinha conquistando o seu espaço dentro do futebol nos últimos anos. Em 2022, o Campeonato Paulista de Futebol foi transmitido em cinco plataformas diferentes de streaming. Além da TV aberta e da TV paga, a audiência ficou dividida entre o Youtube, a única plataforma gratuita, e as plataformas pagas HBO Max, Estádio TNT, Premiere, que é a versão streaming da TV por assinatura do SporTV e Paulistão Play, o streaming próprio da Federação Paulista de Futebol.

Um formato, muitos veículos

A transmissão por streaming permite que se assista aos jogos de qualquer lugar com acesso à internet, entretanto, a forma difusa com que os jogos são transmitidos, com o mesmo campeonato em várias plataformas diferentes, complica o acompanhamento de todos os jogos pelos fãs de futebol. 

“Esse modernismo facilitou de um lado, mas ele dificulta de outro. Porque a diversificação na cobertura é não só no lado financeiro, mas até no lado prático. Você torce para um time, quer ver o jogo do time no campeonato. Primeiro, você vai ter que pesquisar onde vai passar seu jogo. Então, se torna mais difícil, deixou de ser em um lugar apenas. Embora eu seja totalmente favorável a essa liberdade, acho que tem que haver sim. Quanto mais houver cobertura, melhor será para o esporte”,  comentou o jornalista e locutor esportivo de rádio J Mateus, da Paiquerê FM.

Além de tantas empresas, alguns clubes também iniciaram o seu próprio streaming, como é o caso do Flamengo com a FlaTV. Em setembro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a chamada “Lei do mandante” (Lei 14.205/21), que permite com que o clube mandante (equipe que joga em casa, isto é, no seu próprio estádio), negocie de forma independente seus direitos de transmissão. A nova legislação alterou o artigo 42-A da Lei Pelé, de 1998, que previa que o direito de transmissão pertencia aos dois clubes, fazendo com que as partidas fossem transmitidas apenas se os times fechassem acordo com uma mesma empresa.

A Copa em outros formatos

Assim como o streaming, a televisão também foi novidade um dia. Em 1962, os brasileiros puderam assistir aos jogos completos da seleção canarinho em vídeo pela primeira vez. Antes disso, era apenas por rádio que se acompanhava aos jogos ao vivo. O formato, que acompanha a Copa desde a sua terceira edição, realizada em 1938, sobreviveu às transformações da comunicação, estando sempre presente. 

Segundo J Mateus, que participou de sete Copas do Mundo pela rádio Paiquerê, ultimamente as coisas têm se complicado para o rádio esportivo. “Não tivemos mais condições de cobrir, porque os preços se tornaram absurdos. Os direitos de transmissão para o rádio foram além da possibilidade da maior parte, quase que da totalidade das emissoras de rádio do Brasil. Então, tornou-se proibitiva essa cobertura”, observou o radialista com vasta experiência em Copas do Mundo, estando presente desde 1990 até 2014.

Para uma criança de 11 anos, a copa de 2022 é a primeira edição memorável, sendo acompanhada pela televisão ou pela novidade que é o streaming. Para J Mateus, a primeira edição memorável, aos 11 anos de idade, foi a de 1958, realizada na Suécia. O locutor acompanhou a primeira conquista do Brasil totalmente pelo rádio. “Desde criança, eu fui vidrado em futebol e, consequentemente, no rádio. Porque era a única maneira de a gente acompanhar. Eu me lembro que a minha família morava na zona rural, meu pai era um dos poucos da região que tinha rádio e nós acompanhamos a Copa do Mundo de mil novecentos e cinquenta e oito através do rádio. Aquilo era um encanto maravilhoso, fantástico”, lembrou o radialista.

Ficha técnica:

Texto: Samir El Kadri

Vídeo: Anna Rosa e Maria Eduarda Paloco

Artes: Lucas Rocha

Deixe um comentário